O comportamento alimentar é definido como o conjunto de cognições e afetos que regem as ações e condutas alimentares. A formação do comportamento alimentar parte de características e habilidades inatas e vai sofrendo modificações de acordo com ambiente a as experiências acumuladas ao longo da vida. Os fatores culturais e psicossociais influenciam as experiências alimentares da criança desde o momento do nascimento, dando início ao processo de aprendizagem.

O aleitamento materno tem direta relação com a formação do comportamento alimentar, tendo em vista que há uma variação nos sabores oferecidos por meio do leite materno ao lactente, sendo influenciado pela dieta materna, o que facilita posteriormente a introdução de alimentos. O aleitamento materno também proporciona melhor controle sobre mecanismos de fome, saciedade e autorregulação, além de colaborar para uma melhor a percepção da mãe em relação aos sinais de fome e saciedade do filho.

As crianças nascem com a habilidade inata de autorregulação da ingestão alimentar e desde os primeiros momentos de vida deve-se ter atenção e respeito aos seus sinais de fome e saciedade. Quanto mais esses sinais forem respeitados pelos pais ou cuidadores durante a amamentação e introdução da alimentação complementar, mais a criança os manterá. Caso contrário, se estes sinais não forem respeitados afastará a criança da regulação inata da ingestão alimentar.

Na fase de introdução alimentar a escolha dos alimentos também deve ter atenção especial, pois há uma estreita relação entre a alimentação complementar e o comportamento alimentar, afinal são nos primeiros anos de vida que os hábitos alimentares são formados. A variedade e a forma que os alimentos são oferecidos influenciam na formação das preferências alimentares e na relação da criança com os alimentos.

O sabor é uma das principais motivações para escolha de alimentos e, portanto, também tem relação direta com a formação do comportamento alimentar. A criança nasce com uma preferência inata pelo sabor doce, que se estimulada através da oferta de alimentos adoçados, colabora com uma rejeição aos sabores azedos e amargos, encontrados em frutas, legumes e verduras, importantes para o crescimento e desenvolvimento saudável.

Segundo a versão preliminar do Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois Anos do Ministério da Saúde, “a casa é o primeiro ambiente alimentar da criança, envolvendo os alimentos disponíveis e a relação das pessoas com a comida”.  Sendo assim recomenda que a alimentação deve ser um momento de experiências positivas em ambiente tranquilo e acolhedor, e haver uma boa relação da criança com a pessoa que a alimenta, pois esta relação pode influenciar na aceitação dos alimentos. O guia também afirma que a aceitação de legumes e verduras pela criança tem relação direta com o consumo desses alimentos pela família.

A família é responsável pela formação do comportamento alimentar da criança através da aprendizagem social, tendo os pais o papel de primeiros educadores nutricionais. O exemplo de padrão alimentar da família é a primeira referência para o comportamento alimentar infantil, e o comportamento alimentar da criança é determinado em primeira instância pela família, da qual ela é dependente e, secundariamente, pelas outras interações psicossociais e culturais da criança.