A rápida propagação do Covid-19 pelo mundo vem ocasionando insegurança, medo e dúvidas quanto a duração da pandemia, a sua gravidade e de como controlar a doença. A imprevisibilidade, bem como a mudança brusca na rotina causada pelas medidas de isolamento social, podem levar a uma incidência maior de ansiedade e estresse em pessoas de todas as idades, promovendo impactos negativos a saúde física e mental.

Contudo, essa nova realidade pode fragilizar significativamente as crianças e, por estarem em processo de desenvolvimento afetivo, cognitivo, social e motor, podem não possuir ainda os mecanismos necessários para assimilar o misto de sentimentos vivenciados, diante das mudanças que foram impostas.

Esse turbilhão de emoções pode gerar diferentes influências nos pequenos, que irão demonstrar seu desconforto de forma direta (expressando o medo, insegurança, ansiedade...) ou de forma indireta (por meio de impulsividade, irritabilidade, desobediência, dependência excessiva, dificuldade de se alimentar ou dormir, choro, comportamentos repetitivos e outros). Essas reações podem diversificar frente as questões socioculturais, dinâmica familiar e idade de cada criança.

 

Então, como podemos ajudar e cuidar da saúde mental dos nossos pequenos?

 

Observação: Verificar se a criança está tranquila, realizando as suas tarefas com a mesma capacidade, se o seu humor, sono, alimentação ou comportamento têm mudado, se sua fala têm sido muito voltada à doença, e se têm estado longe de conversas e notícias sobre o vírus.

Amenizar exigências: É um período incomum para todos, inclusive para as crianças, portanto se faz necessário não repreender comportamentos incomuns, é possível que ela esteja mostrando por meio deles que está sentindo dificuldades frente ao atual cenário, então pode-se desviar a sua atenção para outras ações e atividades.

Acolhimento: É fundamental poder compreender e acolher os sinais de estresse da criança, transmitindo a ela segurança, amparo e proteção.

Ajudar a criança se expressar: É muito importante permitir que as crianças expressem seus pensamentos, inseguranças, medos e ansiedades. Porém se a criança tem maior dificuldade, pode-se utilizar atividades lúdicas e corporais para canalizar essas emoções.

Diálogo: É necessário ser honesto com a criança sobre o que está acontecendo, utilizando uma forma apropriada à idade da criança para explicar a situação, evitando excessos.

Estabelecimento de rotinas: Com o isolamento social a rotina familiar teve que ser modificada, no entanto, é benéfico à criança ter horários para suas atividades, como comer, dormir, brincar...

Atividades familiares: Atividades lúdicas e voltadas para a socialização e interação podem ser pensadas como forma de unir e fortalecer os laços familiares, propiciando maior confiança e segurança da criança.

Ambiente familiar: vale lembrar que as crianças absorvem tudo que está ao seu redor, por isso a importância de propiciar um espaço acolhedor e livre de notícias excessivas, no qual ela possa continuar se desenvolvendo sem preocupações.

Manter contato à distância: Os pais podem organizar encontros virtuais com familiares e amigos, amenizando a saudade das pessoas queridas.

Rede de apoio: Contar com uma rede de apoio (familiares, amigos, escola, profissionais da saúde) pode ser favorável para amenizar as dificuldades e dúvidas encontradas nesse período.

 

É um momento de reorganização, adaptação e descobertas, no qual temos que tentar extrair o máximo de experiências positivas juntamente com as nossas crianças.