Uma cena vivenciada ao entrar na escola após dias de confinamento. Que vazio!!! Que angústia ao adentrar neste espaço onde todo o dia ao chegar encontrava vários bom dia, acenos, risos, diálogos, chorinhos, abraços, entre tudo o movimento de corpos que dão vida a esta escola que transmite luz, sabedoria e vida.

Me deparei com uma escola silenciosa, uma sala preparada para receber bebês curiosos, investigativos e com muita vontade de vivenciar experiências, uma sala com cestos de tesouros, com materiais sensoriais, com uma infinidade de possibilidades e então... Aí de repente aquela nostalgia, a saudade e um barulho ensurdecedor na minha mente, são memórias, sons, balbucios, risos, chorinhos, chamados “Pati”, “Tita”, Tetê. Olho a minha volta e dá uma sensação de vazio, mesmo estando tudo no lugar, organizado, não tem gavetas abertas, livrinhos no chão, brinquedos no tatame, bebês querendo colinho, não tem fralda pra trocar, mamadeira pra fazer, nem mesmo a hora da despedida na recepção e o reencontro com a família.

Que incômodo!!! Um vazio que me incomoda. Me seguro para que as lágrimas não escorram pelo meu rosto, pois estou na companhia de minha “colega” Tita, (amiga que a escola me deu) que divide este espaço e estes momentos comigo. Trocamos olhares e então, vêm muitos questionamentos e incertezas. Quando vai passar? Quando vamos retomar nossas aventuras, nossas investigações, nossas descobertas?  Quando vamos dar vida a este ambiente que acolhe, que cativa, que transborda amor, que traz uma intenção, uma proposta que possibilita um dia prazeroso para estes bebês que convivem, participam, exploram, conhecem-se, conhecem o outro, conhecem o mundo e aprendem a compartilhar, trocar e vivenciar as mais variadas situações que possam ocorrer.

Quantas conquistas deixaram de presenciar! Aquelas tentativas de rolar, de ficar em pé, de ver o primeiro passo. Aquela carinha de desagrado quando não quer comer uma fruta ou na hora de fazer o soninho que tem aquele balanço e o beijinho na hora de descansar no berço. Quanta bagunça gostosa, quantos... E mais quantos momentos que ficam na minha imaginação. 

O que me conforta é que isto tudo vai passar, é como um livro que você começa ler, você sabe que ele tem começo, meio e fim. Que este fim esteja próximo, que possamos voltar com segurança e que tudo continue. Que a vida possa continuar seu curso e que esta pandemia fique somente nas histórias que serão contadas futuramente.

Que estes ecos sejam novamente ouvidos, vistos e vivenciados pelas paredes da escola, pelos corredores, pelas educadoras, coordenadoras, direção, cozinheiras, zeladoras, pelo Oscar, pelos pais e principalmente pelas crianças que fazem parte, que dão vida e constroem histórias e memórias dentro dela. Que nossos dias sejam de corre-corre, de inquietações, de brincadeiras no quintal, de risos nas salas, de tintas nas mãos, de muita imaginação, de construção de saberes e sabores que a escola nos oferece. Por fim, que esta sensação que me atingiu seja passageira, que eu volte para minha segunda casa, que me acolheu, me acolhe e tem um jeito de cuidar e educar que é só dela, da Esconderijo Sapeca!!!