Como descrever os sentimentos que nos invadiram na Pandemia?

Inúmeros...difícil até de lembrar.

A vida passou a ter um contexto diferente, prioridades simplesmente mudaram de lugar, sem tempo para adaptações fomos sendo conduzidos ao completo terreno do desconhecido.

Frágeis, tivemos que aceitar o que o universo nos apresentava, incrédulos ainda, mas sensatos o bastante para buscar o isolamento social.

Isolados num tempo que pareceu quase eterno, tivemos que nos redescobrir, e encontrar em nós mesmos várias respostas. Foi como o surgimento de uma lente que nos mostrou que nem todo conhecimento do mundo, nem toda tecnologia existente consegue substituir o que o contato com outros humanos representa para nós.

Choramos, sofremos, nos compadecemos olhando para nossas crianças e idosos, duas pontas deste enigma e as mais atingidas pelo afastamento social.

E finalmente veio o reencontro com os pequenos. Sensação de alívio, quase como uma segunda chance.

E que Reencontro!!!

Imensa surpresa em perceber que um vínculo forte não se abate, mesmo com 170 dias de distância entre nós...

A memória afetiva comprovando que a escola infantil é muito mais que um espaço de aprendizagens.

É aqui que a VIDA pulsa, que cada momento tem a dimensão de Hora, de Dias.

Os atos, os olhares, a cumplicidade do cuidado com o outro (adulto ou criança), em perfeita harmonia, como se tudo já estivesse assim programado. Mudanças e limitações rapidamente incorporadas às rotinas infantis, com leveza e aceitação. Lindo de se ver!

Aos que não acreditavam no potencial das crianças, eis a prova de que eles são incrivelmente capazes, suas mentes abertas ao novo, enquanto ele existir.

Por isso eu não acredito em “Novo normal.”

Estamos ainda em meio a uma pandemia mas que, assim como tudo o que existe, um dia vai acabar.

Eu acredito que:

“Normal” é ter a capacidade (como a criança) de admitir que não temos o controle de tudo!

“Normal” é possuirmos a humildade de aceitar que devemos amar as pessoas!

“Normal” é perceber que não somos superiores à outros mas somos diferentes!

“Normal” é finalmente entender que não podemos viver sozinhos e nossa atitude provoca consequência na vida do outro, então que saibamos perdoar e compreender mais vezes.

Que possamos aprender algumas lições com nossas crianças...neste momento e nos próximos que virão...